segunda-feira, 20 de julho de 2015

FAMÍLIA MODERNA

Tradicionalmente o encanto entre um homem e uma mulher era estabelecido pelo doce e ingênuo percurso do olhar, que se debruçava sobre o outro e fixava-se nos olhos. Era a contemplação!

O olhar e os olhos eram as peças fundamentais para um jogo de estética que se consubstanciava no encontro. O encontro dos olhos, intermediado pelo olhar. Assim nascia o amor com sua brandura e esplendorosa doçura. Amar era entregar-se ao outro e o outro era sujeito. Esse encontro de dois diferentes que, ao mesmo tempo, eram dois iguais, anunciava uma união de sujeito com sujeito, sob o beneplácito da alteridade.

Hoje, no mundo moderno, as pessoas se desejam sexualmente. Sim, sexualmente. Não é o rosto aformoseado que atrai e, se o fosse, implícita estaria a sexualidade. A prova inconteste é o fogo da paixão. Nenhum encontro entre homem e mulher desperta o amor; o que explode imediatamente é a paixão; o desejo, a vontade, a posse, a possibilidade do gozo e do êxtase.


O mundo atual não tem mais tempo para a contemplação! O olhar doce que um dia se debruçou sobre o outro agora perdeu a ingenuidade, a delicadeza, a quimera, o sonho; excluindo a possibilidade da alteridade e submetendo-se ao pragmatismo.

O homem do mundo de hoje é pragmático; excessivamente pragmático! A paixão é prova disso; avassaladora e frenética subjuga o outro sem que seja percebida, estabelecendo-se uma relação de sujeito e objeto. Destrói a alteridade e implanta o reinado do ego.

É neste mundo dos homens pragmáticos que as relações interpessoais acontecem e se organizam em uma nova convenção social denominada de "família moderna". Essa "família moderna", não está mais alicerçada nos pilares tradicionais e o conceito de mãe e pai foi desmitificado. 

O pai é uma peça nesse tabuleiro de xadrez; e é considerado eventual, embora necessário no ato da concepção. A mãe só não é uma peça eventual em função do útero, indispensável para abrigar o novo Ser pelo período necessário à sua fuga do casulo. Assim geram-se novos seres-humanos com pais eventuais e mães de ocasião.

Não é raro ouvir-se do senso comum que "pai é aquele que cria"; recentemente uma nova artimanha foi construída para forçar e justificar situações: o "pai do coração". Mas será mesmo que isso funciona emocionalmente?

Por sua vez a mãe, na "família moderna", também perdeu seu papel original e desconstruiu o mito que um dia lhe possibilitou inúmeros adjetivos, coroado com o mais esplêndido que foi o da perfeição.

Assim é que, o filho, fruto dessa "família moderna", é conseqüência! A mulher deseja ter um filho e acredita que pode cria-lo sozinha, que não necessita de um pai a não ser para gera-lo; vai em busca de quem aceite tal absurdo ou engana aos incautos gerando "por conta própria". 

Isso não é raro hoje em dia! 

Outros casais, ao se desvencilharem, esquecem os filhos, que são empurrados à quem os queira ou suportado, invariavelmente, pela mãe. Raríssimas são as exceções em que o pai seja o guardião. Evidentemente haverá aqui um outro tema a ser debatido amplamente, a Pensão Alimentícia, que ficará para um próximo texto.

Assim é que temos pai-mãe e mãe-pai; dois em um.

Fosse somente isso e estaríamos tranquilos pois a criança ainda teria salvação. Mas não! Vários outros "quiprocós" intervêm para sacrificar mais ainda a criança e a Alienação Parental é mais uma das absurdas atitudes que um ou outro impõem ao filho, as vezes sem nem saber o que é isso. 

É tão complexa uma análise como esta que o tema Alienação Parental também deve ser objeto de uma outra discussão, ou texto.

Mas pai-mãe ou mãe-pai talvez fosse menos pior do que realmente acontece. Nem o pai e nem a mãe continuam a viver sozinhos. Ao desvencilhar-se de um encilham-se em outro. É a regra! A exceção é tão ínfima que não perderei tempo em comenta-la.

Unir-se à outra pessoa trazendo consigo um terceiro é àquilo que o senso comum denomina como "já vem com a mala completa"; ou, como dizem no Sul, já vem de mala e cuia.

Tanto o homem como a mulher terão que aceitar o filho de outro! 

Imagine uma relação assim! 

São raríssimos os casos em que essa aceitação seja benéfica para uma criança. E aqui falo estatisticamente, com base científica, ou seja, fruto de pesquisas. 

As exceções, repito, são raríssimas!

Imaginemos um quadro em que o novo casal já traga seus filhos. As crianças recebem um novo pai, ou uma nova mãe, e um novo irmão; sem que seja seu pai, ou sua mãe, e sem que seja seu irmão. 

O marido recebe um novo filho, sem que seja seu filho; a mulher recebe um novo filho, sem que seja seu filho. 

O "amor" moderno fruto da avassaladora paixão irá suportar a invasão do ex-marido ou da ex-esposa em seu novo lar? Sim, pois a criança estará ali todo dia demonstrando que foi gerada por alguém que não é aquele marido ou aquela esposa.

Também é estatístico: os relacionamentos se desgastam com o tempo; em muito pouco tempo. Àqueles baseados em uma nova união desgastam-se mais rapidamente em função das vivências anteriores e das comparações que invariavelmente são feitas. Uma criança "estranha" à um dos novos parceiros contribui para esse desgaste.

Não adiantam argumentos; é assim.

Mas existem exceções, ainda bem!

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