sábado, 23 de janeiro de 2016

Ó MEU DEUS, PARECE QUE FOI ONTEM!

Muitos anos se passaram..... a maioria dos meus ex-alunos eram sómente óvulos, quizá nem isto. Despontava a primavera da primavera dos meus 13 anos e eu ganhei um presente de mim mesmo.
Uma conquista!
Sim, uma conquista: Visitar uma empresa que eu admirava muito.
Desde quando iniciei na profissão de radialista, como aprendiz de "Técnico de Som" (aos 11 anos, perseguindo os passos de meu pai que foi Jornalista e Radialista) eu almejava trabalhar numa das maiores Emissoras de Rádio do País e a maior do Rio Grande do Sul. Para mim aquela Rádio era mágica; algo indescritível para poder traduzir em palavras e visita-la, conhecer seus stúdios, as pessoas que lá trabalhavam, consistia em um presentão de desaniversário.
Eu fui assim: Amava e me apaixonava por coisas que outros não dariam a menor importância. Me apaixonei por quase todas as profissões que exerci. Ainda sou apaixonado pelo Rádio! Ainda sou apaixonado pelo Exército Brasileiro!
Mas este texto ficará muito longo se eu me deixar levar pelas memórias nesse transito pelo passado, por isso vamos resumi-lo.
A Rádio que eu me apaixonei (das tantas que me despertaram este sentimento egoista) era a antiga Rádio Farroupilha, com aquela maravilhosa antena onidirecional instalada depois da ponte elevadiça, na Ilha da Pintada (hoje pertence à Rádio Gaúcha, da RBS) na atual Grande Porto Alegre no Rio Grande do Sul, minha terra natal.
A Rádio Farroupilha, nos velhos e bons tempos, tinha um "Cast" teatral de primeira grandeza e estava com seus Stúdios instalados na Galeria do Rosário, 22º andar. Naquele dia, dos meus 13 anos, eu lá estava em visita, pela mão de meu pai, e naquele horário, quando lá chegamos, estava "No Ar" uma Rádio-novela. 
As Rádios novelas tinham grande audiência, era o que mais despertava a atenção do público. Mais do que as atuais novelas de televisão! Havia um misto de atenção, emoção, criação e o despertar do imaginário das pessoas. Atentas ao lado do aparelho de rádio, com os ouvidos colados, num misto de emoção e criação. Maravilhoso! A Rádio-novela era escrita por determinado autor que dava inicio ao processo de criação, mas a obra teatral tinha outras variáveis e, uma delas, era o ouvinte. Ele, ouvinte, é que na sua subjetividade, dava o desfecho final para a obra, contribuindo com o processo que iniciou com a obra aberta. Uma obra de arte é sempre aberta; aberta às interpretações. E a Rádio-Novela foi, sem dúvida, uma Obra de Arte das mais importantes para o processo criativo.
A Rádio Farroupilha tinha como Rádio Operador e Sonaplasta daquelas Rádio-novelas Victor Stob, de quem eu era fã e admirador. Aquele profissional, que deveria ter alguns cabelos brancos na sua careca, tinha uma capacidade incrível como operador de som, manusenado as antigas mesas e seus "Garrards" acoplados.
Victor Stob nem sabe que eu existi, fomos apresentados quando ele estava na mesa de som, mal me olhou e continuou seu trabalho, que exigia atenção (naquele tempo a profissão era levada a sério). Eu era um garoto e fiquei admirando o trabalho e, com uma boa inveja, comecei a aprender olhando, talvez até imitando.
Do outro lado estava o que se chamava de "Stúdios", com aquela luz vermelha na porta e o alerta: "No Ar"; ou seja, não entre, não abra a porta, não faça barulho. Naquele "stúdio" o "Cast" Teatral desenvolvia uma rádio-novela, escrita por Janete Clair. A "característica" principal daquela rádio-novela era uma das melhores músicas de Tchaikovsky (vocês poderão ouvi-la no vídeo abaixo) "Concerto nº 1 para Piano em Sib menor Op.23". Pois esta música me levou ao passado recente, me fez dormir ouvindo clássicos e me fez escrever este texto para vocês meus tantos amigos pessoais e virtuais que, mesmo pecando pela omissão, cito alguns com quem convivi: Adriana; Viviane; Ronaldo; Wandinho; Luiz Carlos, mineiros que tenho muito apreço e que ao citá-los estendo à todos àqueles ex-alunos e ex-colegas da Faculdade de Direito das Minas Gerais, "que tanta saudade me traz":

"Ó linda Minas Gerais
Paraíso do diamante
Eu não esqueço jamais
Lembro você tão distante
Adeus ó Belo Horizonte
Eu disse na despedida
Meus Deus parece que foi ontem
Que eu de lá fiz a partida" (Teixeirinha)


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